Ex-lutador já treinou nomes como Shogun, Fabrício Werdum, Anderson Silva e Mike Tyson. Agora quer trazer metologia para o Brasil por meio de franquias
O ex-lutador e treinador de artes marciais Rafael Cordeiro, 49 anos, tem seu nome gravado na história das lutas, com um currículo de alunos como Maurício “Shogun”, Fabrício Werdum e Anderson Silva — recentemente, a lenda Mike Tyson também entrou nessa lista —, e agora se prepara para deixar sua marca no setor de franquias brasileiro com a Kings MMA.
A academia foi fundada na Califórnia, nos Estados Unidos, em 2008, fatura em torno de US$ 30 milhões por ano, e agora inicia a busca por franqueados brasileiros em parceria com a Avant Franquias. O plano é abrir 20 escolas em 2022. A novidade foi antecipada a Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
A jornada de Cordeiro como treinador começou ainda na época em que era afiliado à academia Chute Boxe, em Curitiba, no início dos anos 2000. Nessa época, o ex-lutador foi responsável pela formação de diversos atletas de renome internacional, como o próprio Werdum, além de Murilo “Ninja” e Wanderlei Silva
Cordeiro lembra que, em 2008, o mundo estava com os olhos vidrados nos Estados Unidos — não somente pela crise econômica da época, mas porque campeonatos como o UFC caíram no gosto popular. Com uma carreira já consolidada no Brasil e no Japão, para onde viajou mais de 50 vezes a trabalho, ele decidiu ir com a família para o país norte-americano aprender e começar do zero.
“Para entender como as coisas funcionavam, durante seis ou sete meses eu fui funcionário de algumas escolas. Isso me ajudou bastante a treinar aspectos como humildade”, diz. Depois de um ano, Cordeiro e a família conseguiram visto de trabalho e toda a documentação necessária, o que permitiu que a Kings MMA nascesse, em 2009. “Na primeira escola cabiam oito pessoas no tatame. Hoje cabem de 300 a 400 alunos.”
Com metodologia própria, a Kings MMA passou a chamar atenção do mercado norte-americano, arrebanhando grandes atletas e até atores de Hollywood, com treinos específicos para filmes. Tanto a escola como Cordeiro foram premiados por entidades e veículos do meio ao longo da última década.
O segredo, segundo o treinador, foi sempre focar na arte marcial com práticas personalizadas e não apenas na luta. “Pode ser uma criança que precisa fazer uma atividade física, uma mulher ou homem de negócios que queira se exercitar, ou então pode, sim, virar um lutador. É muito individual o que fazemos para cada um. As pessoas aprendem e decidem se vão continuar para lutar profissionalmente ou como praticantes”, explica.
Nos últimos 13 anos, Cordeiro abriu mais três unidades na Califórnia e no Texas, todas operações próprias, com sócios, e hoje soma 3 mil alunos. Já consolidado no mercado norte-americano, ele viu a oportunidade de trazer o modelo de negócio para seu país natal. A ideia de transformar a Kings MMA em franquia surgiu após uma conversa com o ex-aluno Maurício Shogun, que também tem uma rede de ensino de artes marciais no Brasil. “Eu quero que os franqueados não precisem passar pelo que eu passei 14 anos atrás, que tenham respaldo. Cortamos muito mato até chegarmos ao melhor agasalho, melhor equipamento, e conseguirmos a representatividade do nosso nome.”
A indicação da consultoria que é sócia do treinador nessa empreitada também veio de Shogun. A Avant Franquias, representada pelo CEO Lucas Camargo, será a ponte de Cordeiro com os empreendedores brasileiros interessados em investir na Kings MMA. “Esse mercado vem crescendo muito justamente pela busca por qualidade de vida, saúde e bem-estar. A pandemia acelerou isso também”, afirma o executivo.
Camargo acredita que a reputação de Cordeiro ajudará o negócio a crescer em território nacional e afirma que já há mais de 40 negociações de franquia em andamento. A primeira unidade deve abrir as portas em até 90 dias.
As unidades brasileiras terão a mesma metodologia, uniformes e processos das escolas americanas, mas contarão com um diferencial local que será o bilinguismo. A ideia é que os alunos, de todas as idades, possam ter contato com o ensino de inglês também na prática das artes marciais. Na visão de Camargo, esse é um diferencial para ajudar a formar futuros atletas, que acabam tendo o idioma como uma barreira na expansão de suas carreiras para o exterior. As mensalidades serão entre R$ 120 e R$ 160, de acordo com a região onde a escola será instalada.
O investimento inicial para se tornar um franqueado da Kings MMA é a partir de R$ 150 mil. O valor já inclui taxa de franquia, capital de giro, a metodologia de Cordeiro e toda a infraestrutura. O prazo de retorno é estimado em até 18 meses. Camargo explica que a marca também trabalhará com conversão de escolas próprias em franquias.